No meio do desamor eu aprendi o que era amar, o que era sentir um amor incondicional e depois de saber amar dessa maneira, apercebi-me de que nem toda a gente que me rodeia aprendeu ou sabe sequer o que é esse sentimento, ou pelo menos amar dessa maneira tão intensa e completa, sinceramente nem sei se algum dia saberão. Por isso se costuma dizer que a ignorância é uma bênção, porque o é verdadeiramente, de que serve decifrarmos todo o significado do Amor, se depois olhamos à nossa volta e estamos completamente sozinhos nesse caminho, não há reciprocidade, é completamente unilateral.
Crescemos a ouvir que o amor incondicional é o melhor que nos pode acontecer, é o supremo sentir, é a felicidade num todo e esquecem-se de avisar que é preciso duas pessoas para remar esse barco, quando esse sentimento avassalador é só de uma parte, o abismo é um poço sem fundo, é um vazio que nunca é preenchido, uma incerteza constante, a insegurança do ser e do sentir, uma angústia dolorosa sem fim... Há clichés que são certeiros e um deles, é que a felicidade passa por "amar e ser amado", quando uma pessoa não é amada incondicionalmente de volta, na minha opinião, nunca pode ser verdadeiramente feliz, esse amor unilateral que sentimos pelo outro vai nos corroendo por dentro, deixando cicatrizes e faz-nos ir desacreditando cada vez mais na magia, no sonho e no futuro.
Tornamo-nos cada vez menos hipócritas, mais pragmáticos, há quem considere frieza, na verdade é só uma forma de nos protegermos, a solidão passa a ser por nós aceite, convivemos bem com ela e passamos a estar tão confortavelmente nela que preferimos por vezes estar sós, a ter companhia. Quanto mais o tempo passa mais vamos tendo a perceção que há a tendência para sermos solitários, caminhar sozinho e deixar este mundo da mesma maneira, somos caminhantes que estão só de passagem.
Mrs. Margot